Mais um ano se finda e, com ele, novos planos cercam nossos objetivos.
Ainda bem!
Que o novo ano traga planos que possam ser mais que sonhos, que possam de fato se concretizar!
São os votos do Presidente da ALB/Suíça, Dr. Carlos Venttura, a todos os acadêmicos e amigos.
Deixo com vocês uma crônica do escritor carioca Marques Rebelo que, com lirismo, transmite uma bela mensagem sobre nossas expectativas para o novo ano.
Rio de Janeiro, Sexta-feira, 02 de janeiro de
1953.
Ano novo
Com as
suas árvores de Natal vergando devido ao peso de enfeites, velas e brinquedos,
com seus presépios, suas rabanadas, suas castanhas, nozes e confeitos, com os
seus sapatos pequeninos à espera do barbudo Papai Noel, dezembro nos traz um
encanto secreto de evocação, misturando com a certeza, entre amarga e
melancólica, de que estamos ficando cada vez mais distantes, da quadra, sempre
e sempre lembrada das travessuras.
Janeiro é
diferente – nos traz, como um tônico vital
e imprescindível, o gosto pela ilusão.
Sempre
que chega um novo janeiro com as suas manhãs mornas, com o seu sol inclemente,
com os seus grandes dias azuis, e as suas noites de estrelas, a alma da gente
toma um jeito de botão inocente e se abre como uma flor às mais risonhas
perspectivas.
Com
tranquila e segura confiança passa-se uma esponja no passado e diz-se – vamos a
uma nova vida. Sim, em janeiro a vida tem uma graça de coisa nova! Parece
perfeita, fácil aos nossos desejos, deslumbrante, e está aberta à nossa frente.
Vamos a
uma vida nova! E assim dizendo fortalece-nos, além de tudo, a convicção de que
a experiência dos anos já vencidos nos tornará mais lúcidos e mais hábeis, não
nos deixará errar tanto...
Vamos a
uma nova vida! Que de glória, fortuna, fama e amor vemos cheios os meses que
virão. Fadas boas estão à nossa espera com as varinhas prontas para os toques
mágicos. E toca-se a roda da imaginação acelerada, em planos e mais planos.
Modestos são os de uns, grandiosos os de outros, prosaicos os de maioria, mas
todos impregnados da mesma cor otimista.
Vamos ser
isto! Vamos fazer aquilo! Vamos vencer, gozar, amar - tais são as malhas do
frágil tecido. Frágil demais!
Nada, ou
quase nada, acontece de tudo o que se sonhou. Mas que importa! Que importa!
Poderia acontecer. Acontecerá, talvez, um dia. Por que não? A imaginação é
eterna, incansável, paciente fiandeira - espera por um outro janeiro em que
novamente tecerá seu filó de esperança. Fiandeira só, não. Elixir também,
Elixir da nossa vida de tão poucos janeiros.
In: Jornal Última Hora,Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 1953.
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