domingo, 22 de julho de 2012

Academia de Letras da Bahia e sua historia.









Convido-vos, minhas senhoras e meus senhores, amigos, todos,
se me permitis esse tratamento, para uma viagem no tempo. O
período de tempo é relativamente longo, porém a viagem, em
sintonia com esta época de velozes meios de transporte, será breve; tomará
algumas dezenas de minutos. Como num passe de mágica, ela nos leva ao salão de
sessões da Câmara dos Deputados, instalada num amplo casarão da Ladeira da
Praça, onde, naquela noite de 7 de março  de 1917, ia iniciar-se um encontro
destinado a marcar a história cultural da cidade.
A data não fora escolhida ao acaso. Coincidia, propositadamente, com a data
de fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, a primeira instituição do gênero
a existir no Brasil, criada, a 7 de março de 1724, na então capital da Colônia, por D.
Vasco Fernandes Telles de Menezes, Conde de Sabugosa, 39° Governador da
Bahia. A coincidência reatava a tradição. Significava o elo de uma cadeia
sucessória. E por entender isso o saudoso Austregésilo de Athayde, presidente, por
tantos anos, da Academia  Brasileira, por mais  de uma vez sugeriu que
inscrevêssemos no emblema de nossa entidade a expressão: "Primeira Academia
de Letras do Brasil".
Mas, voltemos ao salão da antiga Câmara dos Deputados, onde iria começar,
às 8 horas da noite, a sessão de fundação desta entidade.
A idéia de criar a Academia fora de Arlindo Fragoso. Governava a Bahia o Dr.
Antônio Moniz e a situação política do  Estado era de luta constante entre os
seabristas, correligionários do governador, e os ferrenhos oposicionistas
pertencentes quer à corrente severinista, quer a outros grupos. É prova da extrema
habilidade de Arlindo Fragoso a adesão de  tantos adversários políticos à sua
iniciativa de fundar um  grêmio de cultura que os reunisse. Simbolizando essa
espécie de trégua, ali estavam a cumprimentar-se com um respeito que contradizia a
costumeira troca de invectivas, os próprios Antônio Moniz e Severino Vieira.
A Academia nascia, desse modo, como um espaço neutro na turbulência da
paixão política; como um terreno propício senão à conciliação entre contrários, ao
menos como um lugar de diálogo. Todavia, bem mais importante que o esboço de entendimento entre políticos
era a representatividade do quadro de fundadores da Academia. Arlindo Fragoso
procedeu com extraordinário acerto na composição desse quadro. As escolhas
comprovam que ele sabia quais eram, de fato, os homens de alto merecimento na
Bahia do seu tempo. Selecionou-os segundo um único critério: o do valor de cada
qual, sem levar em conta posição partidária, estima pessoal ou grau de fortuna. E
ninguém se insinuou para figurar entre os escolhidos.
Tanto tempo decorrido, passadas, já, essas longas oito décadas, ainda
parecem vivas muitas das pessoas que Arlindo Fragoso convidou para fundarem a
Academia. Essas pessoas morreram, fisicamente, mas sobrevivem nas obras e na
fama. Quem, possuindo ainda que o mínimo conhecimento da vida cultural baiana,
ignorará os nomes de Teodoro Sampaio, de Ernesto Carneiro Ribeiro, Pirajá da
Silva, Xavier Marques, Braz do Amaral, Carlos Chiacchio, Arthur de Salles, Gonçalo
Moniz? Ou de Simões Filho, Prado Valladares, Octavio Mangabeira, Oscar Freire,
Virgílio de Lemos, Afrânio  Peixoto, João Américo Garcez Fróes, Filinto Bastos,
Moniz Sodré, Miguel Calmon, Eduardo Espínola, Pinto de Carvalho? Ou, ainda, os
nomes de José Joaquim Seabra, Severino Vieira, Carlos Ribeiro, Aloysio de
Carvalho (Lulu Parola), Campos França, Egas Moniz (ou seja, Pethion de Villar),
Torquato Bahia, Clementino Fraga, Almachio Diniz?  E, entre eles, Ruy Barbosa,
primus inter pares.
Pois todos esses vultos notáveis participaram da criação desta Academia.
Relendo seus nomes, envolve-nos em sentimento de admiração pela natureza da
elite intelectual que a Bahia possuía naquela oportunidade; como, também, a
consciência da responsabilidade que pesa sobre todos nós, os sucessores daqueles
homens, no sentido de cultivarmos os altos objetivos que os reuniam.
Há dez anos, quando da passagem dos setenta anos da Academia, coube a
Cláudio Veiga proferir o discurso comemorativo. Na sua primorosa oração, ele se
baseou no depoimento de Carneiro Ribeiro para recordar os personagens que
tomaram parte no ato de fundação. Arlindo Fragoso era descrito como homem "de
baixa estatura e corpulento, feições não muito apolíneas", (que) "se transfigurava na
tribuna". "O sábio Gonçalo Moniz, com seu pigarro, aparecia sorridente, envergando,
em plena noite de verão, um fraque cinza, estilo britânico". "Teodoro Sampaio, sábio
da engenharia, entrava com seu passo cadenciado de tropeiro de sapato de verniz". Durante a cerimônia de fundação, presidida pelo governador, foi escolhida a
primeira diretoria, sendo Ernesto Carneiro Ribeiro aclamado presidente. Arlindo
Fragoso ficou como 1º Secretário.
A instalação solene aconteceu no dia 10 de abril, no mesmo salão da Câmara
dos Deputados, "perante uma seleta e  numerosa assistência", consoante a
linguagem estereotipada da imprensa. A julgar pelo número e extensão dos
discursos, a sessão deve ter entrado pela  madrugada. Foram cinco os oradores.
Falaram Arlindo Fragoso, Xavier Marques, Afonso de Castro Rebello, José de
Oliveira Campos e Ernesto Carneiro Ribeiro.
Ao ser formalmente instalada a Academia já possuía o seu estatuto, cujo
projeto, elaborado pela diretoria, fora aprovado em duas reuniões.
Esse entusiasmo inicial não se manteve por muito tempo. Percebe-se isso
pelo número decrescente de reuniões: doze em 1917, duas em 1918. E ano houve,
segundo assinala Renato Berbert de Castro, o mais fértil estudioso da história da
Casa, em que a Academia não se reuniu uma única vez.
Outra indicação do precoce esmorecimento foi o abandono, durante treze
anos, da obrigação estatutária de publicar a Revista. A despeito da existência de lei
estadual prevendo sua impressão, gratuitamente, pela Imprensa Oficial, somente em
1930 foi editado o primeiro número, que pôde sair do prelo graças, principalmente,
ao empenho de Deraldo Dias de Moraes. Ele fazia parte da Comissão de Redação,
juntamente com Carlos Chiacchio e Roberto Correia. A Deraldo Dias a Academia,
nesse período letárgico, ficou a dever, também, os outros cinco primeiros números
do seu órgão de divulgação.
A razão principal do desmaio da instituição, já nos primeiros anos, terá
residido na falta de um líder, imbuído de ânimo e paixão pelos ideais da Casa, que
assumisse o comando das atividades, e desse cumprimento ao vasto programa
delinedo no estatuto. Esse dirigente maior devera ter sido Arlindo Fragoso. Ele fizera
nascer a Academia e decerto imaginara, com larga visão, o seu futuro. Mas já em
1918 deixara a Bahia, para exercer,  no Rio de Janeiro, o mandato de deputado
federal. Os primeiros presidentes,  conquanto pessoas altamente qualificadas, e
razoavelmente interessados na sobrevivência da agremiação, não lograram, por
motivos vários, conseguir que ela crescesse, sequer se consolidasse.
A respeito desse período, lembra Renato Berbert que a Academia "só
ganhava um pouco de vida quando falecia algum acadêmico, e se cogitava de substituí-lo, mas mesmo assim tão sem entusiasmo que as vagas se acumulavam,
havendo época em que seis cadeiras se encontravam vazias, sem contar os eleitos
que não se apressavam, nem eram apressados, em tomar posse".
Afora a ausência de uma liderança dinâmica, a outra causa do desalento
consistia na falta de sede própria, onde pudesse existir uma estrutura de apoio
administrativo capaz de secundar a atuação dos dirigentes.
Durante longo tempo a Academia  viveu de déu-em-déu, sem pouso
permanente. Nos primeiros anos teve por  abrigo o casarão da Ladeira da Praça,
onde ocorrera a fundação. Mudou-se, depois, para o prédio da Biblioteca Pública, na
antiga Praça Rio Branco. Foi abrigar-se, a seguir, no edifício do Instituto Histórico,
donde passou para um pequeno sobrado junto ao viaduto das Mercês.
Essas mudanças constantes, que tornavam inviável até a manutenção do
endereço, quanto mais a reordenação da biblioteca, terminaram, afinal, quando o
Interventor Landulfo Alves - um dos mais corretos e operosos governantes que a
Bahia tem tido - doou à Academia a casa do Terreiro. Aconteceu isso em 1941. Era
presidente Carlos Ribeiro.
Alojada sob teto próprio, não obstante as condições relativamente precárias
do velho imóvel, pôde finalmente a Academia organizar-se. Era como se, enfim,
adquirisse personalidade. E, de fato, de  então em diante passou a reunir-se
regularmente, a ter um embrião de serviço administrativo, a arrumar, como possível,
sua livraria, a dispor de espaço para as solenidades.
Já observei, palavras atrás, repetindo verdade sabida e comprovada, que as
instituições, tal como empresas, ou quaisquer empreendimentos coletivos, carecem
de dirigentes abnegados, que impulsionem sua atuação. A Academia tem tido
vários. É sempre temerário destacar nomes, mas tenho por inegável que nossa
entidade muito deve à zelosa direção de Carlos Ribeiro, de Luiz Pinto de Carvalho -
presença infalível e demorada, todas as tardes, na sede do Terreiro -, de José
Calazans -que, ajudado por Zitelmann de Oliva, tanto lutou contra as goteiras e o
cupim, naquele antigo  prédio -e, nestes últimos dezesseis anos, de Cláudio de
Andrade Veiga.
Não é sem razão que Cláudio tem o apoio unânime dos seus confrades.
Dificilmente se encontrará, em qualquer agremiação, cultural ou não, quem se haja
identificado tão completa e fielmente  com a natureza e a missão da entidade; e
quem exerça sua alta direção com igual  discrição e modéstia. Sério e cordial, equilibrado, amigo da consulta e do consenso, tem sabido manter com os
companheiros um relacionamento inalteravelmente amistoso,mas baseado,
principalmente, nos compromissos com os desígnios da instituição.
Importa, mais que tudo,  salientar que Cláudio preside a Academia com a
autoridade derivada do fato de ser um dos seus mais categorizados integrantes; dos
que, não obstante o volume de trabalho já feito, e do vasto renome, continuam
lendo, estudando, pesquisando, produzindo.
O bom êxito do trabalho do nosso presidente tem parte de sua explicação na
ajuda de um cirineu, o cordial e competente Carlos Cunha, cujo bom-gosto se reflete
nos convites e publicações da Academia, assim como na edição da Revista. Modelo
de fidelidade e delicadeza, licenciou-se do verso para dedicar seu tempo à direção
administrativa da Casa. Temo-lo não como funcionário, mas como uma espécie de
acadêmico honorário.
Além de Carlos Cunha, Cláudio soube cercar-se de uma equipe de servidores
dedicados, quase todos dos quadros do Estado e postos à disposição da Academia,
sendo os responsáveis pela boa ordem dos diferentes serviços.
No começo de sua série de mandatos, teve Cláudio Veiga a alegria de ver a
Academia em sede nova e definitiva, graças ao amparo que lhe dispensou o
Governador Antônio Carlos Magalhães; amparo que não se limitou à iniciativa da lei
de doação deste belo e valioso imóvel, mas se estendeu à concessão dos recursos
necessários à aquisição de todo o mobiliário. Com isso, a Academia se tornou uma
das sociedades literárias do País mais dignamente instaladas. Recebeu,
posteriormente, móveis ofertados pelas famílias de confrades falecidos, e o precioso
presente da coleção de peças de biscuit  que durante sua vida formara o médico
Eliezer Audíface, cujo filho, o artista Luís Henrique Audíface, teve o belo gosto de
doar à Academia. Colocadas em mostruários, essas peças de fina cerâmica
européia hoje ornamentam a sala de visitas do palacete Góes Calmon, a nossa
sede.
Apesar do aspecto requintado do seu interior, esta casa - construída para ser
o lar de uma família - não dispunha do largo espaço requerido pela biblioteca. A
generosa solução veio da parte de dois empresários, amigos da Bahia e de sua
cultura: Manoel Suarez Meijón e César de Araújo Matta Pires. Fizeram construir o
pavilhão que ocupa parte dos fundos da área externa da sede, no qual existe agora
lugar bastante para acomodar, com folga, o  acervo de nossa livraria. A Academia procurou retribuir o gesto de excepcional colaboração, trazendo os dois empresários
para seus quadros, como Sócios Beneméritos.
Sócio Benfeitor já o era Antônio Carlos Magalhães.
Não teve a Academia governante que  mais a ajudasse. Na sua terceira
gestão, como chefe do Executivo, promoveu, junto à Assembléia Legislativa a
aprovação da lei determinando a inclusão no Orçamento Geral do Estado,
anualmente, de verba destinada ao custeio do funcionamento desta Casa, assim
como do Instituto Histórico. Hoje exercendo o mandato de Senador da República, e
há pouco elevado à presidência da Câmara Alta, tem tido o cuidado de destinar à
Academia parte da verba de subvenções e auxílios que lhe cabe aplicar.
O eminente homem público age desse modo - creio eu -, porque bem
lembrado do apreço que seu pai tinha pela Academia, a cujas sessões era dos mais
assíduos e as quais sempre ilustrava com  seus comentários, homem que era de
saber enciclopédico; mas, também porque  possui especial sensibilidade para as
coisas da inteligência, consoante tem  dado provas sobejas.Vem ajudando nossa
Casa conduzido pela certeza de que ela é, atualmente a instituição particular de
cultura mais atuante, em nosso meio.
De fato, a Academia tem estado destacadamente presente no quadro do
pensamento baiano. E não só baiano, como nacional. Vêm alcançando, anualmente,
esta dimensão os prêmios  que institui, com o apoio  material da Companhia
Petroquímica do Nordeste, Copene, para contemplar trabalhos nos vários gêneros
literários, ou sobre grandes temas relacionados com a cultura, a exemplo do prêmio
deste ano, dedicado ao terceiro centenário da morte do Padre Antônio Vieira.
A Revista, após aqueles anos iniciais de desânimo, ganhou razoável
regularidade e já se encontra no número 42. Aliás, sempre é uma luta difícil obter
recursos necessários para uma nova edição. Repetindo o fadário dos seus
predecessores, Cláudio - por vezes acompanhado de um colega solidário – costuma
bater em várias portas até achar o mecenas disposto ao patrocínio. Mas, é sempre
motivo de regozijo e festa a obtenção de um novo número, como uma não pequena
vitória duramente conquistada.
A Revista não é exclusiva dos acadêmicos. Deixou de o ser desde que, em
boa hora, passou a receber colaborações de outros escritores e poetas, indicando,
por essa maneira, que a Academia abria suas portas à comunidade cultural, sem
discriminações alheias ao merecimento. A própria composição do quadro social, notadamente de certo tempo  para cá, mostra essa salutar indiferença entre
ideologias, para recomendar a agremiação  como um estuário de correntes de
pensamento, como que buscando, simbolicamente, uma síntese entre idéias
divergentes, mas que convergem, com seu  lastro de idealismo, para o bem da
Humanidade.
A mudança do processo de eleição de novos acadêmicos veio revelar-se útil
também para a melhor representatividade de áreas da cultura e setores da opinião.
Essa mudança ocorreu durante a década de 80 e após um desagradável
episódio de escolha de candidato a vaga então aberta. A Academia, pelo voto de
sua maioria, deliberou alterar o estatuto, de forma a ser ela própria que selecionasse
seus novos integrantes. Dois notáveis juristas, nossos confrades, Nelson Sampaio e
Machado Neto, incumbiram-se de elaborar a emenda, que agora está incorporada à
nossa lei interna.
O novo sistema de escolha, único entre as instituições congêneres, tem dado
certo. Com sua aplicação, terminou a prática das autocandidaturas, que tantas vezes
determinou o retraimento de figuras de valor, e outras tantas assanhou os cabotinos
de plantão. Adotando este processo, que atribui à Academia a iniciativa e a
responsabilidade exclusivas do recrutamento, sob as vistas atentas da comunidade,
temos trazido para o nosso meio intelectuais da melhor categoria, os quais de outra
maneira aqui não estariam. Dir-se-ia que  voltamos ao método utilizado por Arlindo
Fragoso para constituir o soberbo corpo social com que a instituição surgiu.
Outra evidência de que a Academia tem procurado voltar-se para a
comunidade, isto é, daquela parcela que estuda, que procura melhorar seus
conhecimentos, ou a que está em fase de formação nas escolas, são os cursos que
promove, fornecendo certificados de freqüência, e nas palestras e conferências que
patrocina, quando não em suas próprias sessões ordinárias, realizadas no salão do
pavimento térreo, nas quais acadêmicos  e outros assistentes sentam-se,
indistintamente, em torno da grande mesa, para ouvirem as comunicações sobre
temas de cultura.
Mais uma demonstração da identificação da Academia com os produtores culturais,
ainda que iniciantes, ou ainda pouco conhecidos, vem a ser a cessão da sede, sem
qualquer ônus, para lançamento de livros. Estes atos já se contam por muitas
dezenas, nesses últimos anos. Atraindo freqüentemente grande número de pessoas, concorrem para popularizar a sede da Academia, para fazer dela o que realmente
deseja ser, como Casa de Cultura da Bahia.
Ao falar na solenidade de instalação da Academia, Arlindo Fragoso, o
fundador, lembrou passagens do discurso de Renan quando foi recebido na
Academia Francesa. Num dos trechos, assim se expressou o grande escritor
francês: "Reunir os homens é estar bem perto de reconciliá-Ios, é, pelo menos,
prestar ao espírito humano o mais assinalado dos serviços, por isso que a obra
pacífica da civilização resulta de elementos contraditórios, mantidos face a face,
obrigados a se tolerarem, conduzidos a se compreenderem e quase a se amarem.
Arlindo Fragoso viu nestes conceitos de Renan o objetivo maior da instituição
que acabara de surgir. Disse, naquele discurso: "Missão social, e nobilíssima, em
que se entrevê, como a suprema luz; o destino final da Humanidade, ela é nossa
também, e a teremos cumprido, como um dever que procede dos nossos
compromissos, se, no volver do tempo e ao suceder das gerações, a Academia de
Letras da Bahia souber prezar, por seus Ilustres membros, o Evangelho que me veio
d'alma ao pensamento, e em que, como  um lema de trabalho, a sua fé, a sua
bandeira, fulge em letras de ouro nas insígnias de nossa distinção: - Servir à Pátria
honrando as Letras".
Escutai-nos, onde quer que estejais, espírito imortal de Arlindo Fragoso!
Soubemos prezar e preservar o nosso evangelho. Oitenta anos decorridos, vossa
Academia floresce como nunca. No conceito que conquistou junto à comunidade
baiana, no estímulo que tem dado às manifestações da inteligência, no trabalho de
difusão da cultura, na contribuição para a convivência e o entendimento dos homens
de pensamento, na preservação do idioma,  no estudo de nossa tradição literária,
enfim, na concretização de suas elevadas finalidades, esta Casa tem a reconfortante
consciência de que hoje realiza plenamente vossos ideais!



Texto:  Jorge Calmon
Fonte: Academia de Letras da Bahia

Matéria/Ascom-ALB/Suíça 

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