Reconhecida
nacionalmente como uma das escritoras mais prestigiadas de sua geração, a
baiana Adelice Souza, 38 anos, lança no dia 25 de abril, às 18h, no
Quadrilátero da Biblioteca Pública dos Barris, em Salvador, o seu primeiro
romance: a obra O homem que sabia a hora de morrer (Editora Escrituras). Esta é
a quarta publicação individual da autora, que assina os livros de contos As
camas e os cães, de 2001 (Prêmio Copene de Literatura e Prêmio José Alejandro
Cabassa/União Brasileira de Escritores – RJ); Caramujos zumbis, de 2003 (Prêmio
Banco Capital, obra que, ainda este ano, será reeditada) e Para uma certa Nina,
de 2009 (inaugurando o projeto Cartas Baianas). Adelice também se destacou como
a única representante da Bahia na coletânea nacional de contos 30 mulheres que
estão fazendo a nova literatura brasileira (2005), organizada pelo escritor e
jornalista Luiz Ruffato.
Agraciado
com a Bolsa de Criação Funarte (2008) e com o edital de Apoio à Edição de
Livros de Autores Baianos da Fundação Pedro Calmon (2009), o romance O homem
que sabia a hora de morrer vem acompanhado de um comentário entusiasmado do
escritor mineiro Affonso Romano de Sant’Anna, que sublinha na orelha da obra:
“Gosto desse jeito de contar as coisas que a Adelice tem. Parece que está
narrando algo junto ao fogão de lenha numa fazenda do interior, mas ao mesmo
tempo está tratando de algo perturbador e fascinante. Imaginem: ela fala de um
personagem que, audaciosamente, sabia o
dia de sua morte”. Outros nomes respeitados da literatura brasileira, como
Nélida Piñon, Antonio Torres, Hélio Pólvora, Marina Colasanti, Carlos Emilio C.
de Lima, Carlos Herculano Lopes, Luiz Rufatto, Luiz Vilela, Aleilton Fonseca e
Antonio Carlos Secchin, também já elogiaram a escrita de Adelice Souza.
O
novo livro conta a história de uma neta que tenta compreender e desvendar o
mistério de um avô que sabe a hora exata em que vai morrer. Isso, para ela, é
algo extremamente revelador – e encantador. Durante todo o tempo, a narração da
autora busca se aproximar do espírito da jovem neta tão fascinada por esse
homem velho dotado de uma sabedoria popular ancestral, o que acaba por
caracterizar o conteúdo narrado como uma ode ao antigo, impregnado de
simplicidade. “Quem já ouviu falar de uma história dessas nos dias de hoje e que
era tão comum há 100 anos? Não é nenhuma coisa mágica, do outro mundo. É, sim,
um sentimento de se perceber mais, porque está mais em contato consigo. Talvez
seja isso que desperte na neta esse encantamento: entender o mistério desse
avô, que nada mais é do que um homem que está em contato íntimo com a sua
própria natureza”, enfatiza Adelice.
É um
romance assumido em sua atmosfera impregnada de juventude. Durante quase dez
anos, a autora ministrou aulas de teatro e dramaturgia para jovens no Liceu de
Artes e Ofícios da Bahia, praticamente no mesmo período em que iniciou a
escrita desta obra. Para eles, adaptou e dirigiu a Odisséia, de Homero, um dos
principais poemas da Grécia Antiga. “Esse era o espírito jovem que estava em
mim, na época. Não, este livro não é memorialista, é um brinquedo, como um jogo
de cartas, onde todas as lembranças e invenções estão misturadas num mesmo
caldeirão”, enfatiza a autora no posfácio da obra. A jovialidade do romance se
reverteu em profunda alegria no momento em que Adelice pôs o ponto final:
“Quando eu terminei de escrever, saí cantando pela casa. Liguei para os meus
pais chorando de felicidade. Era um presente para eles”.
A
história de O homem que sabia a hora de morrer beira o fabuloso. Ao mesmo tempo
em que a neta narra fatos concretos, falando um pouco da vida do avô para que o
leitor compreenda o universo em que vive o personagem, ela também
fabula porque tem a mente fantasiosa própria de uma pessoa muito jovem. “Essa
narrativa da menina encantada com o avô se mistura, no final, com a história de
Odisseu e com as tradições baianas que apagam os limites entre a vida e a
morte”, enfatiza Affonso Romano de Sant’Anna. A neta não deixa de ser o
alterego de Adelice, que está sempre colocando muito de si nas coisas que escreve.
Desta vez, ela mistura referências culturais e afetivas de sua cidade natal
(Castro Alves, no interior da Bahia) a historias que ouviu do avô e do pai. E
dimensiona: “Este livro é isso: uma forma de dançar, de brincar. Foi a coisa
que me deu mais alegria de fazer em toda a minha vida”.
Adelice
Souza também construiu uma carreira como diretora teatral e, atualmente, cursa
Dramaturgia e Yoga no Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
da Universidade Federal da Bahia. Em 2005, ela escreveu e dirigiu a peça Fogo
possesso, levando ao palco o seu olhar para os personagens Salomé, Prometeu,
João Batista e Deus. No repertório constam ainda a direção dos espetáculos A
balsa dos mortos (1998), De alma lavada (1999), Na solidão dos campos de
algodão (que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria
melhor diretora, em 2003) e Jeremias, o profeta da chuva (2009), de sua
autoria.
FICHA
Livro: O homem que sabia a hora de morrer
Autora: Adelice Souza
Editora: Escrituras
Preço: R$ 25,00 (128 páginas) Site da editora:
www.escrituras.com.br E-mail da editora: imprensa@escrituras.com.br
Dia: 25 de abril
Local: Quadrilátero da Biblioteca Pública dos Barris
(Salvador/BA)
Horário: 18h
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